Redação
Antes, dos duelos de semifinal da Copa Brasil de Vôlei Masculino, que acontece nesta quinta-feira (25/01) no ginásio da Vila Leopoldina, casa do Sesi-SP, os quatro técnicos finalistas da competição se reuniram em um debate aberto, na tarde dessa quarta-feira, (24/01), para o público, imprensa e comissões técnicas das equipes. Rubinho (Sesi-SP), Marcelo Mendez (Sada Cruzeiro), Giovane (Sesc RJ) e Daniel Castellani (Taubaté) discutiram alguns pontos importantes a respeito do voleibol no Brasil e comentaram sobre o futuro.
Atuação da comissão técnica
Giovane (Sesc RJ): “Vocês sabiam que, na década de 90, quando eu e o Tande fomos jogar vôlei de praia, a gente que trouxe a comissão técnica pro jogo. Tínhamos treinador, médico, uma pessoa pra preparar a barraca…e eu acho importantíssimo que haja um trabalho integrado entre toda a comissão técnica e os jogadores. Não só pra que se realize um trabalho de alto desempenho na quadra, mas também porque o jogador não conta tudo pro técnico, mas conta pro fisiologista, pro auxiliar. E hoje no Sesc a gente tem o mesmo número de jogadores e de membros da comissão.”
Marcelo Mendez (Sada Cruzeiro): “Numa comissão técnica é fundamental que todos saibam de tudo e conheçam as tarefas dos demais.”
Diferença entre o voleibol do Brasil e Argentina
Por serem dois brasileiros, Giovane e Rubinho, e dois argentinos, Marcelo Mendez e Daniel Castellani, as diferenças entre os dois países na modalidade não passou em branco.
Daniel Castellani (Taubaté): “Eu fui assistir a um jogo do meu filho nas seleções de base da Argentina. Era uma final contra a Colômbia. E a Argentina ganhou de uma forma espetacular, não sentiram a pressão. Isso acontece porque o trabalho de base lá é muito bem feito e, por exemplo, já era a 12ª final que meu filho disputava. É mais experiência, até mesmo, do que os brasileiros tem. Eu acho que nisso estamos na frente e o futuro é promissor.”
Marcelo Mendez (Sada Cruzeiro): “Eu acho que o jogador argentino, em termos técnicos, é muito bem formado. Ele é obediente e sabe exatamente o que fazer em quadra. Por isso, como o Castellani disse, ele joga de forma parelha e bate de frente contra as seleções tradicionais do mundo. No entanto, conforme o corpo vai se amadurecendo, as seleções de outros países vão ganhando mais potência e crescendo mais, em termos de altura mesmo. Então, fica complicado competir com o polaca de 2 metros de altura por exemplo, por mais que a tática-técnica seja boa.”
O técnico do Cruzeiro aproveitou também para falar das estrutura brasileira:
Marcelo Mendez (Sada Cruzeiro): “O jogadores brasileiros gostam muito de treinar. A estrutura é excelente, inclusive no Montes Claros, onde estive. Aqui no Brasil existe uma grande quantidade de jogadores. Na Argentina somos diferentes.”
Categoria de Base
Um dos problemas no Brasil, é sem dúvida a categoria de base. Enquanto algumas poucas equipes investem, outras não conseguem evoluir. Isso refere-se a quantidade muito pequena de jogos entre as equipes, inclusive se formos analisar, o Nordeste que tem boas revelações, fica esquecido.
Marcelo Mendez (Sada Cruzeiro): “A nossa equipe faz um trabalho muito importante, inclusive social também. A categoria de base dá sustento ao clube, dá sustento ao projeto. Nosso time tem muitos jogadores da base, podemos ter não muita qualidade, mas é importante você ter esses jogadores na base.”
Vale lembrar que o Sada Cruzeiro já disputou uma Superliga B com jogadores da base (Sada Unifemm). A equipe também tem emprestado atletas para o clube mineiro JF Vôlei.
Rubinho (Sesi-SP): “Em nossa equipe, todos os técnicos da base tem contato com a gente. Fazemos um trabalho conjunto. Os objetivos dessa coordenação é que esse trabalho com a base seja evolutivo. Outra coisa que estamos implantando é aumentar a quantidade de jogos para as categorias Sub 19 e Sub 21. Os garotos precisam jogar mais. A culpa não é do técnico, a culpa está no modelo. A Argentina vem dominando as categorias de base da América do Sul. E isso acontece porque lá se joga em muita quantidade e qualidade. Em Buenos Aires, temos cerca de 70 times por exemplo. Agora, o Sesi vai disputar o Paulista e sabe quantos times tem? Nove. Então, precisamos mudar isso. É muito pouca qualidade e poucos jogos.”
Lembrando também que o Sesi-SP também já disputou uma Superliga B com jogadores da base.
Tecnologia a serviço do Voleibol
Rubinho (Sesi-SP): “O que realmente me impressiona no voleibol atualmente é o nível de conhecimento e preparação que se faz em cima do adversário. Mudou muito do tempo em que eu estive na seleção, no São Bernardo e a cada ano aumenta. Quem fica dois ano fora acaba perdendo muita coisa. É imprescindível para o jogo atualmente. O nosso interesse é na quadra. Alguns estudos são feitos, mas não tem praticidade dentro da quadra.”
Daniel Castellani (Taubaté): “Tudo é evolução. Temos que ser modernos, a evolução da tecnologia é constante.”
Marcelo Mendez (Sada Cruzeiro): “Tem coisas que são importantes e outras não. O jogo é que manda. Temos que identificar como esse jogo evolui.”